quinta-feira, 19 de junho de 2008

Quo vadis?

Para onde vai o novo PSD?
Embora eu não goste, para percebermos o nosso futuro próximo, temos de tentar perceber o futuro do PSD. Estes escassos dias da nova liderança já nos deram sinais claros que interessa interpretar. Nesta fase, resta-nos pensar nos dados concretos, que são os seguintes:
No horizonte temporal das próximas legislativas, dada a actual conjuntura, será impossível a Socrates repetir a maioria absoluta.
Ferreira Leite, tendo direito, como qualquer pessoa, à sua vaidade pessoal, não poderá entabular esta política de convergência com Sócrates apenas em nome da sua coerência e da fidelidade à verdade do seu pensamento. Ferreira Leite, ao contrário do que se diz, tem ligações vincadas a um certo aparelho do partido; como mulher inteligente que é, percebe que o PSD é uma maquina que se alimenta e vive do poder, que, quando afastada, entra em decomposição e ameaça implodir, como acontece agora. Mais, Ferreira Leite sendo próxima e leal a Cavaco, percebe a sua simpatia por Sócrates, entende que os três fazem parte de uma mesma ideia de titulares de poder sem ideologia, projecto de nação-cultura, apenas comprometidos com uma visão seca e tecnocrata da governação.
O sinal, de alarme para mim, de alegria para outros, foi dado por Marcelo Rebello de Sousa. Marcelo já se referiu duas vezes à reconstrução do bloco central! Marcelo tem milhares de defeitos, mas não fala nunca por acaso e é das pessoas mais bem informadas do país. Até ao momento, o que preconiza é totalmente coerente com Ferreira Leite e com Belém.
Será o que Sócrates quer?
Poderá ser, se o entendimento entre os dois significar submissão de Ferreira Leite e apagamento político do PSD, tal como Sócrates fez com o PS.
Poderá ser, se a tentação de um acordo de incidência parlamentar com o BE não for mais forte. Aí Sócrates continuaria sózinho a governar ou desgovernar, e daria corpo a algumas políticas fracturantes e baratas, em termos orçamentais, da lavra do BE. Virá a eutanásia, o casamento gay e o caderno de encargos do costume.
Este caminho é de risco máximo para Ferreira Leite, corre o risco de cortejar Sócrates, empenhar-se por causa do dote e ser largada no altar por um noivo em fuga com a extrema-esquerda.
A bem dizer, o futuro não sorri.

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