domingo, 15 de junho de 2008

A Polícia, a bófia e a moina


Sendo estruturalmente de direita, acredito que a autoridade do Estado deve ser exercida com a firmeza necessária e que a lei deve fazer-se cumprir para assegurar o bom funcionamento da ordem pública e da sociedade. O braço mais directo de que o Estado dispõe para o cumprimento da lei e preservação da ordem pública é a Polícia.
Sou dos primeiros a defender mais Polícia quando é necessária, melhor legislação que permita à Polícia desempenhar a sua função mais eficazmente, meios efectivos de salvaguarda da respeitabilidade da instituição e dignificação geral da mesma. Estamos esclarecidos, não sou um anarca desconfiado das instituições.
E quando as instituições, gratuita e desnecessáriamente, se vulnerabilizam pela mesquinhez, expondo-se ao ridículo, alienando qualquer réstea de respeitabilidade?
Passo a explicar, dando nomes concretos a casos concretos, como deve ser. A rua João de Barros, no Porto, é larga, arejada e dispõe de pouco estacionamento permitido para dar apoio a todos os serviços que disponibiliza (padarias, restaurantes, cafés, tabacarias, bancos, lojas, supermercado, um jornal diário de referência...). Há uma tradição de junto ao separador central da dita rua, os automobilistas estacionarem os seus carros, dado ficar intacta uma faixa de rodagem que permite o normalíssimo escoamento do trânsito da zona; tal separador está vedado ao estacionamento por linha amarela pintada no pavimento, apesar da inocuidade da sua utilização para tal.
Todos sabemos das tradicionais demoras da Polícia sempre que temos qualquer problema e dela precisamos. Todos sabemos do deficiente policiamento de zonas "difíceis" da cidade, algumas vizinhas da rua que refiro. Todos sabemos o interesse manifestado pela instituição sempre que queremos participar algum ilícito de que fomos vítimas.
Pois é, os srs. agentes da esquadra do Pinheiro Manso, empreendem o combate ao crime como? Em vez de patrulharem as zonas problemáticas da sua área de actuação, em vez de assegurarem a segurança dos cidadãos nos locais onde realmente é necessário, deslocam ao mesmo tempo, durante longos periodos de tempo, batalhões de 8, sim oito!, agentes armados, num veículo de intervenção, para onde? Para a perigosíssima rua João de Barros! Para multar carros que impedem o normal fluir do trânsito? Que impedem saídas de garagem? Que possam ser veículos roubados? Nada disso! Apenas porque ali a caça à multa é fácil, os donos dos automóveis não são gente de desacato e a polícia faz boa receita sem grande trabalho e com risco nulo! Pessoalmente, já fui duas vezes multado, por ter parado uns dois minutos, sem ter desligado o motor, abandonado a viatura e com os quatro piscas ligados! Pensam que o agente me advertiu? Qual quê! À distância, em atitude que me abstenho de classificar, tomou nota da matrícula no caderninho para depois lavrar o auto. Nem a dignidade mínima de me dar o famoso bilhetinho!
Foi com o testemunho repetido destas actuações dos agentes da esquadra do Pinheiro Manso, que finalmente percebi a diferença entre Polícia, bófia e moina...

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