sexta-feira, 2 de maio de 2008

Zimbabwe


Robert Mugabe tem sido hábil a gerir as eleições a que se sugeitou. Primeiro falhou na previsão, o terror que instituiu não resultou na subserviência do povo aos seus desmandos, mas, de seguida, na contenção dos danos que os resultados lhe trariam, jogou magistralmente o jogo típico dos déspotas que ainda conservam um fio de lucidez. O impasse que criou, os sucessivos atrasos na divulgação dos resultados, retiraram o Zimbabwe das capas dos jornais e atiraram-no para a secção "Mundo" onde divaga como matéria em arrefecimento. Os media são assim, a validade da notícia de abertura é cada vez mais curta, não havendo sangue nem resultados bombásticos, o interesse vai perscrevendo. Mugabe percebeu muito bem isto. Hoje, ao publicar os resultados, sabe que a sua eventual manipulação não tem o mesmo impacto negativo no mundo, soube criar um falso clima de aceitação democrática ao admitir uma espécie de vitória de Tsvangirai. Resta agora esperar para perceber se Mugabe aproveitou este tempo para preparar uma saída airosa ou um regresso trágico.

Para já, é bom registar que, apesar dos pesares, Tsvangirai regista oficialmente uns significativos 47,9%.

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