Aqueles meninos só conheciam o mundo através da televisão, e do pouco que a mãe recordava. E por isso, agora, Stefan Fritzl, de 18 anos, e o seu irmãozinho Felix, de 5 anos, estão ainda a habituar-se á luz do sol. Depois de passarem toda a vida fechados num subterrâneo-prisão sem janelas junto com a sua mãe, Elisabeth, eles estão a receber tratamento médico numa ala especial de uma clínica austríaca. Os médicos afirmaram que os meninos e a mãe estão extremamente pálidos, e esta última está muito magra e aparenta muito mais do que a idade que tem (42 anos). A sua filha mais velha, Kerstin, de 19 anos, está muito doente no hospital por causa das privações que sofreu vivendo encarcerada na masmorra que o pai/avô criou para eles.
Josef Fritzl parece ter planeado e executado meticulosamente o plano terrífico enquanto aparentava ser um bom pai de família e um patriarca tão extremoso que até adoptou outros 3 netos. Este homem, qual carrasco do campo de concentração nazi, infligiu indizíveis sofrimentos á sua filha e aos filhos que dela fez nascer. Tirou-lhes tudo, incluindo a liberdade, a juventude e a infância, a inocência, a alegria e a luz do sol, amigos e a escola, tratamento médico, e o amor da família e dos outros, já que amor de pai nunca conheceram. Esse homem não tem perdão.
Para Elisabeth e os seus filhos será longo o caminho a percorrer em direcção ao restabelecimento, a uma vida normal e á felicidade possível. A adolescente austríaca Natascha Kampusch mantida prisioneira numa cave durante oito anos, disse que o sofrimento e vivência traumática permanecem e viverão para sempre com ela. Não será muito diferente com os Fritzl, sobre os quais pesa ainda o trauma do incesto.
A maldade e o sofrimento são uma pergunta sem resposta possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário