sábado, 31 de maio de 2008

É pelo sonho que vamos


O "segredo" para uma vida feliz, com tranquilidade de espírito é um verdadeiro tesouro.
Vem isto a propósito do crescente numero de casos de conhecidos que entram em depressão e caiem numa tristeza, ás vezes amarga e rancorosa, e sem um motivo plausível, forte, evidente. Claro que cada um saberá de si, mas nas situações que refiro são pessoas aparentemente saudáveis, com família e filhos com saúde, em crescimento normal, com emprego estável, casa própria e férias na praia pelo Verão. Ou seja, pelo menos na aparência, têm boas razões para estar bem. E, no entanto, não se sentem felizes, caiem em depressão, metem "baixa" e queixam-se de tudo e de todos.
Não conseguem valorizar as coisas boas e positivas que receberam e lograram conquistar na sua vida, nem traçar um rumo a partir delas. Não lhes basta. Anseiam por mais e mais, mais amor, mais sucesso profissional, mais glamour, viagens, mais e melhores férias, e muito mais dinheiro. Vivem na permanente expectativa de ganhar o euromilhões da próxima semana.
E, quando afundam na depressão, o psiquiatra afoga-as em abundante medicação.
Reflectindo a partir dos casos que, directa ou indirectamente, conheço, não creio que a questão se possa resumir a baixa auto-estima, personalidade frágil, ou doença mental.
Parece-me que ao longo da vida, construíram sonhos, fizeram planos, alimentaram ilusões que, pura e simplesmente, não se realizaram. E não se adaptaram.
A distância entre o sonhado, o que projectaram para si, e a realidade da vida que têm desperta a frustração que cresce desmesuradamente, e que, aliada ao rancor, á inveja, envenena o coração e a mente.
E cai-se num ciclo vicioso de frustração e tristeza.
A inadapatação e a incapacidade de fazer planos e sonhos realistas destroi a alegria de viver.
Não digo que se deva sonhar "pequenino". Mas convenhamos que não nos adianta nada querer á força ser milionário, não trabalhar para viver, comprar tudo o que se quer e fazer férias luxuosas durante todo o ano. Para a maioria de nós, isso é inalcançável, é um sonho irrealizável …
Os sonhos e os projectos de vida têm, pois, de ser realistas, ponderados, bem medidos, e também modificados ou renovados ao longo da vida, de acordo com a nossa circunstância. Claro que os sonhos e metas podem ser ambiciosos, mas não deveriam ser demasiado distantes, inatingíveis. E, porventura, não deveriam centrar-se apenas ou demasiado em coisas materiais, mas cuidar também de alimentar o espirito, a mente, a alma.
Por isso, estão no "segredo" da felicidade, a capacidade de se adaptar á realidade da vida de cada um, a capacidade de sonhar e saber modificar e renovar o sonho nas curvas do caminho da vida, e o optimismo. Não serão estes todos os ingredientes, mas são seguramente parte da receita.

"Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemose
ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos."
(Sebastião da Gama)

1 comentário:

Anónimo disse...

Dá que pensar...têm-se tudo e parece que não se tem nada. Esta sociedade vazia não inspira sonhos, antes sim o ter.
PG