sábado, 24 de maio de 2008

Gestão por objectivos


Longe vão os tempos do socialismo puro e duro; quando a direita com discernimento começa a perceber a estupidez do liberalismo, lá vão os socialistas devorar a cartilha. Sempre atrasados, assumem hoje com fervor as verdades de anteontem. Diria o outro, é a vida! Neste afã produtivo, nesta febre competitiva, as criaturas do engenheiro estão imparáveis.
O escândalo denunciado pelo CDS esta semana, sobre os objectivos operacionais da ASAE, acabaria com o governo mais forte, por cá já nos habituamos, no pasa nada. Ficamos a saber que para 2008, a ASAE esperava efectuar 410 detenções, 1640 processos-crime, 12.505 contra-ordenações, 25.420 infracções e 1230 suspensões. Ou, se preferirem, esperava-se de cada inspector 2 detenções, 8 processos-crime, 61 contra-ordenações, 6 suspensões e 124 infracções. Já imagino o pobre do inspector que fica aquém dos objectivos, a justificar-se perante o director com o ambiente de crise que tirou os barcos do mar impedindo a apreensão do peixe, pedindo para passar a fazer rusgas aos aviões fretados pelo estado, onde sempre poderá autuar uns senhoritos fumadores.
Falando sério, até onde e quando vamos tolerar tamanhas enormidades? O sr. Nunes, Torquemada de pacotilha, em si mesmo, é zero. O funcionamento da ASAE em moldes empresariais ao estilo liberal é desajustado, estúpido e, pior de tudo, facilmente levará à total perversão da sua acção. Mas, o que realmente me deixa deprimido, é que tudo isto é apenas o espelho da ideia de governação de Sócrates, do novo PS que domina o aparelho de estado, de uma nova classe que, com o beneplácito de Cavaco, condiciona a democracia, avilta o país e as instituições e nada acontece.
A crise séria não vai chegar, está aí, muito tempo antes da gasolina estratosférica, do pão inacessível, da casa penhorada. Tem um nome: Sócrates.

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