Um dos dos filmes mais marcantes da minha vida foi o”Hotel Ruanda”; um daqueles filmes que pela sua densidade dramática nos dão um “murro no estômago “, fazem-nos pensar sobre o sentido da vida. O filme fala de um tema que já abordei em posts anteriores: a desumanidade latente em cada um de nós. Para mim, o que aconteceu no Ruanda não foi uma questão cultural ou racial mas uma questão humana. O preconceito, o medo do diferente, a intolerância foram a causa de uma das maiores atrocidades cometidas contra o ser humano.Catorze anos após os extremistas hutus terem matado entre 800.000 a um milhão de pessoas -na sua maioria tutsis- num terrível genocídio, as mulheres do Ruanda estão a vender "cestos da paz" nas lojas do Macy’s.
Iphigenia Mukantabana faz estes cestos em sua casa, juntamente com a sua amiga, Epiphania Mukanyndwi. Em 1994, Iphigenia viu o seu marido e os seus 5 filhos serem esquartejados pelas milícias hutus. Entre os homens que mataram a sua família encontrava-se Jean-Bosco Bizimana, marido da sua amiga. Hoje em dia, Iphigenia partilha o seu futuro e as suas refeições familiares com o assassíno da sua família e a sua mulher.Para Iphigenia não bastou, o tempo que passou na prisão, a confissão e o pedido de desculpas de Jean-Bosco Bizimana. A reconciliação não teria acontecido se ela não tivesse aberto o seu coração: "Eu sou cristã, e rezo todos os dias”.
Actualmente, o Ruanda é, em África, um exemplo de sucesso. Tem a taxa mais alta de crescimento económico, uma das taxas de criminalidade mais baixas, e o nível mais baixo de infecções por HIV-AIDS em África. Um terço dos ministros do governo ruandês são mulheres sendo que 48% dos deputados são igualmente mulheres, a percentagem mais alta em todo o mundo. O Ruanda é também um pais preocupado com questões ambientais e possui um nível muito baixo de corrupção. Paul Kagame, presidente do Ruanda tem sido defensor e executor de uma politica de reconciliação e de perdão : "We said building a nation is the most important thing."
Afinal, o perdão e a reconciliação não são uma questão cultural ou racial mas sim uma questão humana. Parece-me que ainda há esperança para a humanidade.
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