quarta-feira, 5 de março de 2008


Na Europa, a prevalência da obesidade infantil é liderada pela Itália (claro, as pastas, pizzas e lasagnas não poderiam ser apenas e só deliciosas)….
Portugal surge em segundo lugar desta lista europeia: entre as crianças do pré-escolar, uma em cada quatro tem excesso de peso; no primeiro ciclo do Ensino Básico, uma em cada três crianças sofre deste problema. E mais de metade da nossa população adulta tem excesso de peso.
Ontem, a Sra. Ministra da Saúde presidiu à cerimónia de assinatura de um Protocolo de Cooperação entre a Plataforma Contra a Obesidade e 5 Municípios portugueses, para a vigilância do peso / estatura de 15 mil crianças ao longo de nove meses, junto das escolas respectivas. No discurso que pronunciou, a Ministra da Saúde focou a relação, já observada por estudos europeus, entre a obesidade e pobreza. "Não só, por norma, os alimentos mais saudáveis são mais caros, disse, como as pessoas com baixo rendimento vivem em zonas de caos urbano, onde o exercício físico tem muitos obstáculos".
Não contesto, mas atrevo-me a sugerir que não é só isso, e que deveria ser investigada também a relação entre a obesidade e o nível de educação da população:
Todas as crianças de hoje, tal como as de antigamente, adoram doces e guloseimas. Mas antigamente, a falta de dinheiro e a maior firmeza dos pais punha cobro a caprichos. Hoje em dia já não é assim.
Actualmente, nas escolas todos petiscam e almoçam bolos, refrigerantes, pães, batatas fritas e quejandos… Os meus filhos contam-me, em tom de queixume, que muitos amiguinhos levam para lanchar a meio da manhã barrinhas de chocolates, bolicaus, e madalenas…
Por outro lado, todas as crianças são hoje atingidas pelo sendentarismo, independentemente da sua condição social ou económica: todas passam largas horas sentados nas aulas, fazem os percursos de carro em vez de andar a pé, e é visível por toda a parte o aumento do ócio passivo das crianças (TV, consolas, gameboys), com menos jogos e brincadeiras ao ar livre.
Acresce que a mudança do estilo de vida, sobretudo nas grandes cidades, trouxe uma modificação de hábitos alimentares. Um estudo realizado em 33 países indica que duplicou o consumo de comidas pré-preparadas e rápidas (que são ricas em gorduras e açúcares) em detrimentos de pratos tradicionais, mais saudáveis, mas de confecção mais demorada.
Assim, prevenir a obesidade não é combater a pobreza.
Para prevenir a obesidade será necessário, acima de tudo, um grande esforço educativo – no sentido de ensinar a todos regras para uma alimentação saudável, re-incutir hábitos alimentares tradicionais – mediterrânicos – e recuperar as refeições em familia, em vez de cada um ir saquear o frigorifico a qualquer hora.
Senão, o futuro será dos gordos…

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