Ontem, 20 de Março, completaram-se 5 anos sobre a invasão do Iraque, liderada pelas forças norte-americanas.
A administração Bush disse que a guerra custaria 50 mil milhões de dólares. Na realidade, é esse o montante que os EUA gastam actualmente no Iraque a cada três meses. Para se ter a noção das proporções, diga-se que um sexto deste valor permitiria aos EUA pôr de pé um sistema de Segurança Social robusto para os próximos 50 anos, sem reduzir benefícios nem aumentar as contribuições.
Até agora, a guerra só teve dois vencedores: as petrolíferas e os fornecedores militares. O preço das acções da Halliburton, empresa de serviços petrolíferos presidida por Dick Cheney antes deste assumir o cargo de vice-presidente, dispararam. A especulação também tem contribuído para aumentar os custos de guerra. E o recurso a fornecedores privados – norte americanos, claro - ajuda a encarecer a factura.
Quando há tanta gente a sofrer no Iraque, falar sobre custos económicos pode parecer algo desumano. Tal como focalizar a questão nos EUA pode parecer injusto na medida em que o país partiu para a guerra violando a lei internacional. Mas os custos económicos são enormes e vão muito além dos gastos orçamentais.
São já milhares os mutilados de guerra. Estima-se que os EUA tenham de atribuir pensões de invalidez a 40% dos 1,65 milhões de soldados que já serviram no Iraque. Além disso, foram diagnosticadas perturbações de 'stress' pós-traumático em 52 mil veteranos que entretanto regressaram ao país.
Mas é a sociedade iraquiana que continua a pagar a maior factura. Metade dos médicos iraquianos foram mortos ou abandonaram o país, a taxa de desemprego ronda os 25% e, cinco anos depois de a guerra começar, Bagdade continua a ter electricidade menos de oito horas por dia. Dos 28 milhões que constituem a população iraquiana, 4 milhões são deslocados e 2 milhões fugiram do país.
A violência do conflito banalizou a morte aos olhos dos ocidentais: quando se noticia que a explosão de uma bomba matou 25 pessoas, são poucos os que ainda prestam atenção. No entanto, estudos estatísticos sobre a taxa de mortalidade antes e depois da invasão são esclarecedores: de 450 mil mortes nos primeiros 40 meses de guerra (incluindo 150 mil mortes violentas) atingiu-se recentemente as 600 mil.
Os EUA - e o mundo - vão pagar a factura nas próximas décadas. O ónus vai recair sobre as gerações futuras.
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