domingo, 2 de março de 2008

COMO SE FAZEM BONS PROFESSORES ?



Que qualidades tem um bom professor?
Ensinar é uma profissão muito nobre, e hoje em dia, é, reconhecidamente, uma das mais difíceis.
Exige amplos conhecimentos sobre a matéria a leccionar, curriculum e experiência, entusiamo, motivação e amor pela aprendizagem, capacidade de disciplinar e "gerir" a sala de aula. Não admira que seja difícil.
Nós, que já fomos alunos, nunca esquecemos os nossos melhores professores. Aqueles que souberam despertar em nós o interesse, que nos imbuíram de um conhecimento mais profundo, que nos transmitiram autonomia, nos abriram horizontes, e, de certo modo, alteraram o curso da nossa vida.
Como seria tão bom se soubéssemos como se fazem tais professores e pudéssemos multiplicar o seu número… Que qualidades e capacidades possuem ? E podem estas ser medidas? Podem ser ensinadas a outros? E, mais importante: como premiar o ensino de excelência de modo que os melhores professores – os mais competentes, interessados e motivadores – permaneçam na escola, apesar do salário médio-baixo, da falta de estatuto, e da burocracia actuais?
Estas questões são críticas para o futuro da Educação no nosso País: formar e manter nas escolas bons professores, é um dos factores chave do crescimento e progresso de Portugal.
É esencial criar condições para atrir, premiar e manter os bons professores.

Estudos recentes efectuados nos EUA demonstraram que um bom professor é o factor mais importante no sucesso escolar, inclusivamente é mais importante do que o tamanho das turmas, o montante despendido por cada aluno, e do que a qualidade dos manuais escolares.
No panorama internacional, e designadamente nos EUA, foram já importadas para o ensino certas estratégias empresariais, que incluem conceder bónus remuneratórios aqueles que aceitem ensinar em escolas problemáticas, (vagas difíceis de preencher), bem como o chamado "merit pay" instituído no âmbito de sistemas de avaliação destinados a medir a qualidade do trabalho do professor, e remunerá-lo em conformidade.
Entre nós, tradicionalmente, a progressão na carreira docente faz-se essencialmente por antiguidade, de forma automática. Sistema que, atrevo-me a dizer, é favorecido pelos sindicatos porque trata trata todos os professores de forma igual. Só que, todos sabemos que os professores não são todos iguais: basta ver como os pais fazem lobby e "metem cunhas" para colocar os seus filhos nas melhores turmas..
Portanto, é de elementar bom senso e justiça que os professores devem estar sujeitos a um processo de avaliação: a progressão nas carreiras não deve, nem pode fundar-se em critérios de mera antiguidade e automaticidade, com total desprezo pelo mérito, qualificação, eficácia e competência de cada um. A avaliação dos professores é, por isso, objectivamente necessária, desejável e boa. Sobretudo porque o seu objectivo é o reconhecimento e a compensação das boas práticas, do esforço e dos resultados.
E contudo não há um modo universalmente aceite para medir a competência e muito menos o "magnetismo" de um bom professor.
Reflectindo sobre o "Prós e Contras" de 2ª feira passada e as notícias deste fim de semana, a posição dos sindicatos dos professores sobre a avaliação do desempenho é cada vez menos razoável:
Os sindicatos de professores não conseguem transmitir eficazmente a(s) razão(ões) da resistência á implementação da avaliação dos professores: assiste-se a uma rejeição em bloco e sistemática de todas as medidas e iniciativas da Senhora Ministra, desde as aulas de substituição, aos horários, á avaliação, á gestão das escolas, ao programa "novas oportunidade", enfim: a toda e qualquer mudança. Não basta dizer que a Ministra foi tomando decisões de forma atabalhoada, á pressa ou á força. Falta explicar claramente, com serenidade e objectividade as falhas das medidas propostas, e falta também dizer qual a alternativa. Sendo certo que a alternativa não pode ser ficar tudo como está.
Naquele programa televisivo de 2ª feira, a Senhora Ministra explicou com grande serenidade e com argumentos muito claros a política de avaliação dos docentes, no meio da gritaria á volta. Demonstrou grande capacidade, respondeu com a segurança de quem conhece muito bem o tema e está absolutamente convicta da correcção das medidas que toma, perante uma senhora professora arrogante que não distinguia entre frontalidade e má educação, uma plateia de professores que só queriam falar dos seus casos pessoais, e de sindicalistas apostados numa guerra geral, e sem argumentos sobre o tema em debate. Como se viu, e se confirma, as associações de Pais respaldam e apoiam totalmente a Ministra na matéria da avaliação dos professores.
As reformas na carreira docente e no ensino são necessárias: o caminho tem de ser de mudança para melhor. Mas, o factor crítico desta mudança é o envolvimento, a receptividade e o empenho dos professores, aliado á transparência do funcionamento, a múltiplas formas de avaliação do mérito individual, prémios para o trabalho de equipa, e para o sucesso da escola.
Por isso, mal anda o Governo continuando a hostilizar frontal e repetidamente os docentes. Faria melhor reconhecendo que correu mal o lançamento do processo de avaliação a meio do ano lectivo e a todo o custo: mais vale perder uns meses, do que deitar tudo a perder.


Sem comentários: