quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tabu


Lembro-me que, criado numa casa de portas abertas, todos eram genuinamente bem vindos, bem, quase todos. Pairava um medo semi-oculto de certas visitas indesejáveis, pior que isso, dizia a minha Querida avó de nariz educado e sensível, só se vierem com Tabu. O Tabu era, de facto, insuportável, a afirmação mais eficaz de mau gosto; punha uma sala inteira em náusea mal se espalhava, deteriorando o ambiente. Sempre me habituei a ver o Tabu como a pior das piroseiras, a que não se restringe ao ridículo do portador, metendo-se pelas nossas narinas de forma impertinente.

Com o correr da vida, vi que, de facto, o apreciador do Tabu mantem sempre esta linha comum de perfil. Olho para estes apreciadores como a tal visita indesejada, pior, incharam em tamanho, imperinência e entram-nos em casa com a maior das naturalidades, até acham que gostamos.

Resta-nos o exigente exercicio da paciência.

1 comentário:

Elvira disse...

Quando eu era pequena, esse tal "perfume" era vendido no mini-mercado da aldeia, juntamente com as latas de sardinha e o creme Benamor...

E na igreja, no domingo de manhã cheirava à Tabu misturado com pele mal lavada. Um horror, de facto! ;-)