quinta-feira, 6 de maio de 2010

Retrato do País que temos

Está um indivíduo a ser entrevistado. Em cima da mesa estão os gravadores que registam a conversa. À frente do entrevistado, os entrevistadores. E, por trás destes, também de frente para o entrevistado, o operador de câmara e a respectiva máquina, colocada certamente no seu tripé.
O entrevistado não gosta das perguntas que lhe fazem, levanta-se, e os gravadores, supreendemente, por força de um estranho magnetismo, são atraídos para o seu bolso das calças.
Neste argumento que não serve para um reles filme de um qualquer obscuro festival algures numa cidade desconhecida, há algo que me escapa.
O entrevistado não reparou que estava a ser filmado? Julgava que a câmara não captava som?
Parece-me que a atitude que tomou demonstra que ou ele é uma pessoa básica, tão básica, que só por engano pode ocupar o cargo que ocupa, ou então a falta de argumentos para refutar as perguntas que lhe fizeram o desorientou de tal modo, que parece demonstrar que afinal a razão sobre essas questões que lhe foram colocadas não está do lado dele.

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